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segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Calm under the Waves - mais desabafos


I walk barefoot where the water drowns the sand
With you no longer here to hold my hand
I let go


Certa vez disse a uma amiga que o tempo é a água que apaga a chama da paixão.

Se ao tempo juntar a distância, que nos separa em muitos quilómetros, um oceano, um país, um continente… o tempo assume uma dimensão ainda maior. Para mim o tempo é uma realidade assustadora!

Há dias, ao folhear uma revista, deparei-me com uma previsão muito pouco animadora (porém que encaixa como uma luva) no meu horóscopo, dizia:

Carneiro – Amor
Dizem que a distância faz esquecer, e se há milhões de quilómetros pelo meio, seria melhor que você admitisse que ele pode se esquecer de si. As novas tecnologias deveriam, ainda assim ajudar-vos...

O desânimo invadiu-me, pois tenho plena noção de lutar contra a maré, mas depois tentei ver as coisas pelo lado menos mau, afinal ainda há esperança pois não são bem milhões de quilómetros (não, não suspiro por nenhum astronauta e muito menos por um marciano).

Pensei… Pensei muito… e cheguei à conclusão que o tempo é necessário, talvez mesmo a distância, para reconhecer um verdadeiro amor. O desgaste da relação ocorre muitas vezes quando damos o afecto da outra parte como certo e aí começamos a descuidar as pequenas coisas. Se a distância nos faz olvidar os pequenos gestos quotidianos é também responsável por valorizarmos um sorriso único no tempo, uma careta inconfundível, um cheiro!

Saudade. Esse palavra tão portuguesa como o fado, a tristeza da ausência, a dor do recordar. Mesmo assim, é com toda a certeza que afirmo, que prefiro sofrer em silêncio do que deixar partir, do que esquecer…

Na minha memória tu és e nós somos reais!

With your voice in my head
I could fall here instead
But there's a calm under the waves
So I choose to sink


Nota: a letra no início e final do post, pretence à música "Calm under the waves" de Maria Mena

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Recordar é viver…


Memórias de uma aventura relembrada pelas duas administradoras deste humilde blog :)

Em tempos há muito idos, descobrimos uma terra, nos confins de Portugal (onde Judas perdeu as botas – como diria a minha amiga), e fizemos as mini férias mais turbulentas de que há memória…

Como tudo começou? Os 3 amiguinhos: F., M. e J. decidiram organizar um fim-de-semana prolongado numa Pousada da Juventude em Portugal aberto a toda a turma CI. As inscrições começaram e à medida que o dia se aproximava cada vez mais gente ia desistindo até que ficam apenas os 3 sobreviventes que decidiram levar também a G. (amiga de F.) que até hoje não sei se foi boa ou péssima ideia. Enfim, estes 4 estavam determinados em prosseguir viagem e assim meio à pressa, todos combinaram encontrar-se na Estação de Campanhã depois das aulas para começar a grande aventura!

A viagem começou por correr normalmente, fomos a jogar às cartas todo o caminho, excitados e ansiosos por chegar ao nosso destino.

Ainda me lembro quando o comboio parou, já depois da onze, numa estação deserta, numa noite escura como o breu e sem qualquer placa a indicar o caminho para o centro da vila. Era um prenúncio, meus amigos!

Lá encontramos quem nos desse indicações e arrastamos a bagagem pelo piso disforme até encontrar uma rua de pedra e finalmente estávamos em Vila Nova de Cerveira. Lembro-me da calçada de granito, e das casas caiadas de branco. Era quase Páscoa e vários altares, com muitos santos, cenas bíblicas algo fantasmagóricas destacavam-se iluminadas pelas velas (ok, podiam ser focos de luz, afinal o episódio já tem alguns anos) seguindo-nos com olhos sem vida. Finalmente encontramos a Pousada da Juventude (ainda num edifício centenário).

Regras:
Nada de álcool;
Nada de quartos mistos.
Como contornar as regras: Beber iogurtes líquidos, adicionar vodka e sumo às embalagens de iogurte – tudo preparado no quarto do J. que estava sozinho.
Consequências: as plantas da sala de convívio morreram.
Observação: as plantas não devem apreciar vodka.

Quando estávamos na Pousada, apoderávamo-nos da sala de convívio e jogávamos às copas, sueca e ao sobe e desce a dinheiro. Quando o dinheiro acabou, apostávamos postais roubados.

À noite preparávamo-nos a preceito, mas mesmo assim quem fazia sucesso era o J. Não me estou a queixar, porque se não fosse assim, não tínhamos shots de B-52 à pala. Além do mais, os espécimes masculinos daquela terra eram de fugir a 7 pés. Camisola cavada, cabelo comprido puxado para trás com gel e encaracolado no fundo, botas mais altas do que as da Geri das Spice Girls, calças bem puxadas para cima com o cinto quase nas mamas, para não falar da pronúncia, do mau cheiro e da parolice. Obrigado, J, por seres o sexy simbol do pedaço!!! LOL

Os espaços nocturnos também deixavam um pouco a desejar, os bares deram para rir e conversar e o único que se assemelhava a uma discoteca parecia um regresso ao passado com luzes psicadélicas e música de carrinhos de choque. Mas era o único e nem pudemos usufruir muito dele. Numa noite chegamos lá com lama até aos joelhos (entramos num terreno privado para conseguir ver um striptease numa festa motard) a G. lembrou-se de roubar um maço de tabaco a um montanheiro, que nos insultou e perseguiu quase até à Pousada. Foi a luta pela sobrevivência, cada um a correr para seu lado até termos a certeza que não estávamos a ser mais seguidos. Acabamos por ficar num café a ouvir “Maria Albertina” e a ver o Exorcista, mais um agouro para o que viria a seguir…

Atiçado pelo filme, o J. contou histórias de meter os cabelos em pé. A caminhada até à Pousada no meio de ruas escuras, desertas e com um aspecto fantasmagórico não ia ser nada fácil… De recordar que nessa tarde havíamos praticado uma actividade que quase se tornou um hobbie: roubar coisas! Entre elas postais, numa loja de um senhor simpático (Deus nos perdoe!) A M., única inocente não parava de dizer que íamos ser apanhados, que estávamos a corromper uma pacata vila minhota e que iam colocar cartazes com a nossa cara a dizer “Procura-se”! Tanto agourou que quando chegamos à Pousada e nos abriram a porta pensamos que íamos ter um treco! Era o senhor simpático da loja dos postais!!! Enquanto mil coisas nos passavam pela mente, desde que íamos ser presos, multados, espancados, etc., o Sr. foi explicando que de vez em quando fazia um part-time na Pousada, o negócio não ia bem… PUDERA!!! Se arrependimento matasse teríamos morrido naquela hora (uhmm… excepto talvez a Gina) LOL

Nesses poucos dias percorremos quilómetros e gastamos muita sola, subimos ao monte e tiramos a foto da praxe com o Cervo. Arriscamos a vida (ao subir ao monte íngreme e provavelmente com muitas cobras) para depois descobrir que havia acesso por estrada… Fugimos de um bando de cães selvagens (eram suficientemente ameaçadores para considerá-los selvagens) e atravessamos a fronteira de Espanha a pé. Apesar dos rissóis, batatas fritas e comidas do género, característica do estudante teso que nem um carapau, posso garantir que emagrecemos uns bons quilos! Uma foto simbólica na Ponte da Amizade torna-se irónica quando relembramos as quezílias que nos atormentaram nessa nossa curta estadia (24h sobre 24h com as mesmas pessoas não é fácil). Nada que uns incensos harmonizadores (“tirados” da feira) não resolvessem. Em Espanha num pequeno povoado, jogamos as cartas num boteco e vimos TVE – a nossa pequena experiência internacional. Cervos? Nem vê-los, animais mortos na estrada? Mais que muitos!

Enfim voltamos, menos harmoniosos do que partimos, mas com muitas histórias para contar.

Para mais informações sobre Vila Nova de Cerveira consulte o portal municipal.

P.S. – se forem a Vila Nova de Cerveira procurem pelos cartazes de recompensa! Estou quase certa que existem de verdade.