quarta-feira, 29 de julho de 2009

Diário de uma dieta...



Querido Diário,

Vou começar a fazer dieta hoje. Preciso de perder oito quilos. O médico aconselhou-me a escrever um diário, onde devo apontar tudo aquilo que como e falar sobre o meu estado de espírito. Estou entusiasmada e sinto-me de volta à minha adolescência. Por mais sofrimentos que a dieta implique, vou sentir-me compensada quando conseguir caber naquele vestidinho preto maravilhoso. Vai ser óptimo!
Primeiro dia de dieta:
Um triângulo de queijo magro. Um copo de diet shake. O meu humor está óptimo. Sinto-me mais leve. Uma leve dor de cabeça, talvez.
Segundo dia de dieta:
Uma salada de alface. Uma torrada de pão integral. Um iogurte. Ainda me sinto muito bem. A cabeça dói-me um pouco mais, mas não é nada que uma aspirina não resolva.
Terceiro dia de dieta:
Acordei a meio da madrugada com um barulho esquisito. No princípio, ainda pensei que fosse algum ladrão, mas depois percebi que era o meu próprio estômago a roncar tão alto, que até metia medo. Bebi um litro de chá e passei o resto da noite a levantar-me para ir à casa de banho. Nota: Nunca mais tomo chá de camomila!
Quarto dia de dieta:
Estou a começar a odiar as saladas. Sinto-me como se fosse uma vaca a mastigar ervas. Ando meio irritada. O tempo também não ajuda. A minha cabeça parece um tambor. A M. comeu uma pizza hoje ao almoço. Mas eu resisti. Nota: Odeio a M.
Quinta dia de dieta:
Juro por Deus que, se vir mais algum triângulo de queijo magro à minha frente, vomito! Ao almoço, senti como se a salada se estivesse a rir de mim. Gritei com o J. e com a M. hoje! Preciso de me acalmar e de me voltar a concentrar. Comprei uma revista com a Sofia Aparício na capa. Não posso perder de vista o meu objectivo.
Sexto dia de dieta:
Estou um caco. Não dormi nada esta noite. E o pouco que dormi, sonhei com pudim de ovos. Estou capaz der matar por causa de um pastel de nata, hoje...
Sétimo dia de dieta:
Fui ao médico. Emagreci 250 gramas. Cabrão! Andei a semana toda a comer ervas, só me falta mugir e ele ainda me diz que perdi 250 gramas! Ele explicou-me que isto é normal: as mulheres demoram mais a emagrecer e ainda mais na minha idade. O filho da puta chamou-me gorda e velha! Nota: Procurar outro médico.
Oitavo dia de dieta:
Fui acordada hoje por um frango assado. Juro! Ele estava à beira da minha cama, a dançar o can-can. Nota: O pessoal lá do escritório hoje olhou para mim com um ar esquisito.
Nono dia de dieta:
Não fui trabalhar hoje. O frango assado voltou a acordar-me, desta vez a dançar a dança do ventre. Passei o dia no sofá a ver TV. Acho que estou a ser vítima de uma conspiração. Todos os canais passavam receitas culinárias. Ensinaram a fazer tarte de maçãs, salame de chocolate e sanduíches variadas e criativas, para fugir à rotina.Nota: Comprar outro controle remoto: num acesso de fúria, mandei o meu pela janela fora.
Décimo dia de dieta:
Meu Deus, como eu odeio a Sofia Aparício!!!
Décimo primeiro dia de dieta:
Dei um pontapé no cão da vizinha. Gritei com a mulher da limpeza. O J. não entra na minha sala. As Secretárias encostam-se à parede quando eu passo.
Décimo segundo dia de dieta:
Sopa. Nota: Nunca mais jogo póquer com o frango assado. Ele faz bluff.
Décimo terceiro dia de dieta:
A balança não se mexeu. Ela não se mexeu! Não perdi nem um mísero grama! Desatei a rir à gargalhada. Assustado, o médico sugeriu um psicólogo. Acho que chegou a falar em psiquiatra. Será por eu o ter ameaçado com um bisturi? Nota: Não volto mais ao médico, o frango acha que ele é um charlatão.
Décimo quarto dia de dieta:
O frango apresentou-me uns amigos dele. A picanha é óptima e a torta, embora meio enfezada, é um doce.
Décimo quinto dia de dieta:
Matei a Sofia Aparício! Cortei-a em pedacinhos, a ela e a todas as fotos de modelos escanzeladas que tinha em casa. Nota: O frango e os seus amigos estão chateados comigo. Comi um pedaço do Sr. Pão. Mas foi em legítima defesa. Ele ameaçou-me com um pedaço de salame.
Décimo sexto dia:
Terminei a dieta. Chateei-me com o frango e comi-o, acompanhado com o pão. Terminei com a tarte, ela realmente era um doce...

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