segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

CSI : NY – o caso do colunista que amava demais e do modelo que queria mais

" Novo Ano. Vida Nova. Que venham dias serenos e felizes e que o sobe e desce aconteça sem distúrbios (…)"
Carlos Castro
08-01-2011, Elevador cor-de-rosa – Correio da Manhã


New York - Times Square:
O glamour da noite nova iorquina ficou ensombrado quando, de entre tantas outras luzes da cidade que nunca dorme, as azuis das viaturas da NYPD brilharam mais forte ao tomarem de assalto a fachada do Hotel InterContinental, recentemente inaugurado.

Carlos Castro, cronista social, activista gay, crítico, polémico, um dos rostos mais conhecidos do jetset português, apaixonado por Nova Iorque e pela Broadway, foi brutalmente assassinado. Confesso que muitas vezes li a a sua coluna na revista Vidas do Correio da Manhã e ainda nos dias que antecederam o crime foi com diversão que segui o relato da sua tarde de compras onde encontrou figuras internacionais como Naomi Campbell e Gwyneth Paltrow, ou de como desfrutou das peças de Oscar Wilde “A Importância de se Chamar Ernesto” e de “The Addams Family” no Fontanne Theater. Por momentos, invejei-lhe a sorte de poder gozar de momentos tão glamourosos e tão distantes da vida quotidiana da maioria de nós. Teve um fim trágico, na cidade onde sonhou morrer, com o destaque mediático que sonhou ter.

De Renato Seabra, pouco ou nada sei, além do que tenho lido nos últimos dias. Não acompanhei o programa "À procura de um sonho” mas acredito que o jovem reservado de Cantanhede, sonhava um dia ser reconhecido em Nova Iorque e ser capa de jornais e revistas de todo o mundo. Conseguiu. Pelos piores motivos possíveis, hoje, Renato é conhecido pela imprensa norte-americana como o borracho bronzeado de sorriso brilhante e rosto cinzelado que poderá ser condenado a prisão perpétua!

Foi um crime macabro, que por muito que queira abster-me de juízos de valores, não posso ignorar as evidências que classificam este acto como violento e passional, com notas de sadismo. Um crime é um crime, e uma vítima é sempre uma vítima e, como tal, considero pouco natural a transferência de papéis que tenho assistido (“o rapaz inocente que foi desvirtuado”). Ingénuo ou não, é maior de idade e como tal deve responder pelos seus actos e ser julgado por quem de direito.
Um fim trágico para um homem que, por amar demais, negou-se a encarar as evidências e um futuro negro para o modelo que queria mais protagonismo, mais fama, mais reconhecimento por parte do grande público.

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