Carlos Castro
08-01-2011, Elevador cor-de-rosa – Correio da Manhã
Carlos Castro, cronista social, activista gay, crítico, polémico, um dos rostos mais conhecidos do jetset português, apaixonado por Nova Iorque e pela Broadway, foi brutalmente assassinado. Confesso que muitas vezes li a a sua coluna na revista Vidas do Correio da Manhã e ainda nos dias que antecederam o crime foi com diversão que segui o relato da sua tarde de compras onde encontrou figuras internacionais como Naomi Campbell e Gwyneth Paltrow, ou de como desfrutou das peças de Oscar Wilde “A Importância de se Chamar Ernesto” e de “The Addams Family” no Fontanne Theater. Por momentos, invejei-lhe a sorte de poder gozar de momentos tão glamourosos e tão distantes da vida quotidiana da maioria de nós. Teve um fim trágico, na cidade onde sonhou morrer, com o destaque mediático que sonhou ter.
De Renato Seabra, pouco ou nada sei, além do que tenho lido nos últimos dias. Não acompanhei o programa "À procura de um sonho” mas acredito que o jovem reservado de Cantanhede, sonhava um dia ser reconhecido em Nova Iorque e ser capa de jornais e revistas de todo o mundo. Conseguiu. Pelos piores motivos possíveis, hoje, Renato é conhecido pela imprensa norte-americana como o borracho bronzeado de sorriso brilhante e rosto cinzelado que poderá ser condenado a prisão perpétua!
Foi um crime macabro, que por muito que queira abster-me de juízos de valores, não posso ignorar as evidências que classificam este acto como violento e passional, com notas de sadismo. Um crime é um crime, e uma vítima é sempre uma vítima e, como tal, considero pouco natural a transferência de papéis que tenho assistido (“o rapaz inocente que foi desvirtuado”). Ingénuo ou não, é maior de idade e como tal deve responder pelos seus actos e ser julgado por quem de direito.
Um fim trágico para um homem que, por amar demais, negou-se a encarar as evidências e um futuro negro para o modelo que queria mais protagonismo, mais fama, mais reconhecimento por parte do grande público.
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